The Stack gathers high resolution scans of all extant manuscript testimonies and – in the form of a meta-edition – reproductions of relevant editions that have been published: From the editio princeps, that is the first ever printed version of the Confessio – edited by Sir James Ware in 1656 and based on the Irish and British manuscript copies only – up to the canonical version of the critical text established in the scholarly edition by Ludwig Bieler in 1950.
The Saint Patrick’s Confessio Hypertext Stack Project is funded under the Irish government Programme for Research in Third-Level Institutions (PRTLI), Cycle 4. It is part of the Humanities Serving Irish Society (HSIS) initiative, a partnership of equals committed to developing an inter-institutional research infrastructure for the humanities. The Hyperstack is one of two projects running at Royal Irish Academy under the label ADR, "Academy Digital Resources", supported by the Digital Humanities Observatory (DHO). (The second ADR project being the Doegen Project building up a digital archive of Irish dialect recordings).
The Hyperstack Project was conceived and is overseen by Dr Anthony Harvey, editor of the Royal Irish Academy Dictionary of Medieval Latin from Celtic Sources. Since September 2008 Dr Franz Fischer has been the postdoctoral researcher in charge. A series of collaborators facilitate the project and greatly enhance its value. Not least there is a postgrad intern for three months each summer.
The St Patrick’s Confessio Hypertext Stack Project aims to give Irish society as direct access as possible to the historical Patrick. In order to achieve this the project aims to build up a comprehensive digital research environment to make accessible to academic specialists, as well as to interested lay people, all the textual aspects of the real St Patrick’s own work.
All electronic text versions of St Patrick's Confessio and his his Letter to the Soldiers of Coroticus are structured in correspondence to the original Latin as established by N.J. White in his print edition from 1905 and as maintained in the 'canonical edition' by L. Bieler in 1950 in order to align the original with the translations paragraph by paragraph. Bibliographical references refer to the HyperStack bibliography.
Eu Patrício, um pecador ignorante, residente na Irlanda, me declaro um bispo. Eu estou Certíssimo de que recebi de Deus isto que sou. E assim vivo entre bárbaros, um estrangeiro e fugitivo pelo amor de Deus. Ele mesmo é testemunha de que assim é. Não que eu desejasse pronunciar de minha boca palavras tão duras e tão ásperas; mas sou constrangido pelo zelo de Deus, e a verdade de Cristo o provocou, por causa do amor dos meus próximos e também dos meus filhos, pelos quais abandonei minha pátria, minha família e minha própria alma até a ponto de morrer. Se sou digno, eu vivo por meu Deus, para ensinar aos gentis, ainda que seja desprezado por alguns.
Com minha mão eu escrevi e também formulei estas palavras que devem ser dadas, transmitidas e enviadas aos soldados de Coroticus. Eu não falo aos meus concidadãos, nem aos cidadãos dos santos romanos, mas aos cidadãos dos demônios, por causa de suas próprias obras más. Com um culto inimigo, eles vivem segundo o rito hostil da morte, associados aos Escotos e aos apóstatas Pictos. Sangrentos, eles são ensangüentados com o sangue que despojam de cristãos inocentes, aos quais em grande número gerei para Deus e os confirmei em Cristo.
No dia seguinte ao que os neófitos receberam a unção em vestes brancas, – o perfume ainda podia ser sentido em suas testas quando foram assassinados e massacrados à espada pelas pessoas supracitadas – Eu enviei uma carta com o santo presbítero, a quem eu ensinei desde a infância, com clérigos, pedindo que nos deixassem ter um pouco de suas presas bem como dos batizados que tinham capturado: eles escarneceram deles.
Por este motivo, eu não sei o que lamentar mais: aqueles que foram assassinados, os que foram capturados, ou aqueles que o demônio enlaçou violentamente. Assim, com ele, serão escravizados no inferno numa pena eterna, porque todo aquele que comete pecado é um escravo e é chamado filho do diabo.
Portanto, que todo homem temente a Deus saiba que eles são estranhos para mim e para o Cristo meu Deus, de quem sou embaixador. Parricidas! Fratricidas! Lobos vorazes que devoram o povo do Senhor como se fosse pão, como é dito: os iníquos destruirás a tua lei, oh Senhor, a qual nos últimos tempos ele plantou na Irlanda bondosamente e com excelência e que foi organizada pela graça de Deus.
Não sou um usurpador. Eu faço parte daqueles que foram chamados e predestinados para pregar o evangelho em meio a graves perseguições até os confins da terra, ainda que o inimigo manifeste sua inveja através da tirania de Coroticus, que não teme a Deus e nem os seus sacerdotes, os quais ele escolheu e deu o mais alto, divino e sublime poder, para que os que ligarem na terra sejam ligados no céu.
Por este motivo, então, eu peço veementemente, santos e humildes de coração, não é lícito adular tais pessoas, nem comer, nem beber com eles, nem receber suas esmolas até que tenham feito rigorosa penitência, derramado bastante lágrimas a Deus, libertem os servos de Deus e as servas batizadas de Cristo, por quem ele morreu e foi crucificado.
O Altíssimo reprova as ofertas dos iníquos. Aquele que oferece um sacrifício dos bens dos pobres é como aquele que imola um filho na presença de seu pai. Disse: As riquezas acumuladas injustamente serão vomitadas do teu ventre, o anjo da morte o afasta, será atormentado pela ira dos dragões, a língua da serpente o matará, o fogo inextinguível come-o. Por este motivo : Ai daqueles que se enchem de coisas que não são suas, bem como: De que adianta ao homem ganhar o mundo todo e perder a sua alma?
Seria demasiado longo discutir tudo e apresentar em detalhes, recolher da lei testemunhos de tal cobiça. A avareza é um pecado mortal. Não cobicarás os bens do teu próximo. Não matarás. Um homicida não pode estar com Cristo. Aquele que odeia seu irmão será taxado como homicida. Ou: aquele que não ama seu irmão permanece na morte. Quão maior culpado é aquele que maculou suas mãos com o sangue dos filos de Deus, os quais recentemente adquiriu dos confins da terra graças a exortação de nossa pequenez?
Acaso eu vim para Irlanda sem Deus ou segundo a Carne? Quem me compeliu? Eu estou ligado ao espírito para não ver nenhum dos meus parentes. Acaso procede de mim ter misericórdia por um povo que outrora me fez cativo e devastou os servos e servas da casa de meu Pai? Eu nasci livre segundo a carne, nasci de pai decurião. Mas vendi minha nobre posição – Não tenho vergonha e nem me arrependo – em favor do ben alheio, por fim, sou servo em Cristo a uma nação estrangeira, pela glória inefável da vida eterna que está em Jesus cristo nosso Senhor.
E se os meus não me conhecem, um profeta não tem honra em sua pátria. Talvez não sejamos oriundos do mesmo aprisco e nem tenhamos o mesmo Deus como pai, assim como está escrito: quem não é por mim é contra mim, e quem comigo não ajunta, espalha. Não convém que um edifique e o outro destrua. Não busco meus próprios interesses; não por mim, mas por Deus que tem dado esta preocupaçãoao meu coração, para que seja um de seus caçadores e pescadores, os quais Deus outrora anunciou que viriam nos últimos dias.
Sou odiado. Que devo fazer, oh Senhor? Sou muito desprezado. Eis as tuas ovelhas ao meu redor, são dizimadas e afugentadas por ladrões, estes que citei mais acima, enviados por ordem de Coroticus, hostilmente. Afastado do amor de Deus, ele entrega os cristãos nas mãos dos Scotos e dos Pictos, lobos vorazes que tem devorado o rebanho do Senhor, o qual na Irlanda crescia excelentemente com o maior cuidado; e os filhos dos Scotos e filhas dos pequenos reis que eram monges e virgens de Cristo, que não posso enumerar. Não te alegre, pois, a injúria cometida aos justos; pois até mesmo o inferno não se alegrará.
Qual dos santos não sentiria horror em alegrar-se ou desfrutar de uma convivência com tais coisas? Eles têm enchido suas casas com os despojos de cristãos mortos, eles vivem da rapina. Os miseráveis não sabem que o alimento que oferecem aos amigos e filhos seus é um veneno mortal, assim como Eva não compreendeu que era morte o que deu ao seu marido. Assim são todos os que fazem o mal: recebem a morte eterna como pena.
Este é o costume dos cristãos Galo-Romanos: Enviam homens santos e idôneos aos Francos e outros povos com milhares de soldos para resgatar os batizados cativos. Tu preferes matar e vendê-los a povos estrangeiros que não conhecem a Deus. Entregas os membros de Cristo como se fossem para um bordel. Que esperança tens em Deus, ou quem pensa como tu ou conversa contigo com palavras de bajulação? Deus julgará. Pois está escrito: Serão condenados não somente aqueles que fazem o mal, mas também aqueles que consentem com ele.
Eu não sei o que dizer e nem o que falar mais dos filhos de Deus que foram mortos, os quais a espada tão severamente atingiu. Pois está escrito: chorai com os que choram e ainda: se um membro sofre, que todos os membros sofram com ele. Por isso, a Igreja chora e lamenta os seus filhos e filhas que a espada ainda não assassinou, mas que foram removidos e levados a terras distantes, onde o pecado abunda gravemente, manifestadamente e dascaradamente. Lá homens inocentes são vendidos, cristãos são reduzidos à escravidão, principalmente aos mais indignos e abomináveis: os apóstatas pictos.
Por isso, levanto a minha voz com tristeza e aflição: oh belos e muito Amados irmãos e filhos que em Cristo gerei, tantos que não posso enumerar, o que posso fazer por vós? Não sou digno de obter ajuda nem de Deus e nem dos homens. A iniqüidade dos inimigos prevaleceu sobre nós. Fomos feitos como que estrangeiros. Talvez eles não acreditem que recebemos um e o mesmo batismo e que temos um e o mesmo Deus Pai. Para eles é indigno que sejamos irlandeses. Assim como disse: Não tendes vós nenhum Deus? Por que cada um de vós desampara seu próximo?
Por esta razão me aflijo por vós, eu sofro, meus amados, mas por outro lado, lá no fundo do meu coração eu me alegro: eu não sofri em vão e minha peregrinação não foi inútil. E se este crime tão horrendo, indescritível, aconteceu, graças sejam dadas a Deus, crentes batizados, pois fostes retirados do mundo para o paraíso. Vejo-vos assim: peregrinastes para onde não haverá mais noite, nem choro e nem morte, mas vos exultareis como bezerros que se libertaram de seus entraves e esmagareis os iníquos e eles serão como cinzas debaixo de teus pés.
Então vós reinareis junto com os apóstolos e profetas e também os mártires. Vós tomareis posse de um reino eterno, assim como ele mesmo diz: virão do oriente e do ocidente e sentar-se-ão à mesa com Abraão, Isaque e Jacó no reino dos céus. De fora ficarão os cães, os feiticeiros e os homicidas e: Aos mentirosos e aos que dão falso testemunho estarão reservadas suas partes ao lago de fogo eterno. Não é sem razão que o apóstolo disse: se o justo for salvo penosamente, onde se reconhece o pecador e o ímpio transgressor da lei?
Por isso, então, Coroticus com seus infames criminosos, rebeldes contra Cristo, onde se verão? Aqueles que distribuem jovens mulheres batizadas como prêmios por um reino temporal miserável que em um momento passa? Como nuvens ou fumaça que o vento espalha, assim os pecadores fraudulentos perecerão ante a face do Senhor; os justos, porém, participarão de um grande banquete em grande perseverança com Cristo, eles julgarão as nações e dominarão sobre os reis iníquos pelos séculos dos séculos. Amém.
Eu sou testemunha perante Deus e seus anjos que assim será, como ele me fez compreender minha ignorância. Não são as minhas palavras, mas as de Deus, dos apóstolos e a dos profetas, que nunca mentem, as que eu coloquei em latim. Aquele que acreditar será salvo, mas aquele que não acreditar será condenado. Disse Deus.
Eu peço veementemente a quem quer que seja um servo de Deus disposto a ser um portador desta carta que nada dela seja suprimido ou escondido por ninguém, mas ao contrário, que seja lida na presença de todo mundo e na presença do próprio Coroticus. Que deus possa inspirá-los para que, em algum momento, possam recuperar a razão perante Deus, de modo que, mesmo tarde, se arrependam de seus ímpios atos – homicidas dos irmãos do Senhor – e libertem as batizadas cativas que outrora foram feitas prisioneiras, para que possam merecer viver para Deus e sejam feitos íntegros aqui e na eternidade! A paz ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Amém.